Charles de Foucauld, o Santo que “não fez nada”, só amou Jesus

Charles de Foucauld, o Santo que “não fez nada”, só amou Jesus

Charles de Foucauld – diz o Patriarca Pierbattista Pizzaballa – nos recorda que “para ser Igreja não é necessário construir grandes obras. A vida da Igreja é fonte de vida quando brota do encontro e do amor por Cristo. Esta é a primeira testemunha para a qual somos chamados. Sem o amor a Cristo, ficamos apenas com estruturas caras, tanto físicas quanto humanas”.

O que impressiona na aventura cristã de São Charles de Foucauld é que ele, durante sua vida, “parece não ter feito nada”. Ele não converteu ninguém, não fundou nada, não conseguiu realizar nenhum de seus projetos, não “levou resultados para casa”. Charles de Foucauld só amou Jesus, imitando-o em tudo, até a morte. Precisamente por isso, a sua história sugere a todos os batizados, que para ser Igreja “não é necessário construir grandes obras”, que toda a atividade eclesial só é fecunda se e quando “nascer do encontro e do amor a Cristo”, enquanto “sem amor a Cristo, de nós restam somente estruturas caras, quer físicas como humanas”.

Com estas palavras, e com outras imagens sugestivas, o Patriarca de Jerusalém dos Latinos, Dom Pierbattista Pizzaballa, quis recordar aos irmãos e irmãs das Igrejas da Terra Santa os traços mais íntimos da história espiritual do monge recentemente canonizado pelo Papa Francisco, e aquilo que esses traços sugerem em relação à dinâmica própria da missão apostólica no tempo presente. Ele o fez durante a Missa de Ação de Graças pela canonização de Charles de Foucauld, celebrada na Basílica da Anunciação, em Nazaré, no domingo, 29 de maio. Bispos e sacerdotes de outras Igrejas católicas da Terra Santa também participaram da celebração litúrgica, presidida pelo Patriarca Pizzaballa, juntamente com Irmãozinhos e Irmãzinhas de Charles de Foucauld e membros de outras comunidades religiosas inspiradas na espiritualidade de Foucauld, hoje presentes na terra de Jesus.

Precisamente em Nazaré – recordou o Patriarca – Charles de Foucauld passou momentos decisivos para o seu caminho espiritual, “a ponto de que uma parte da espiritualidade que lhe é atribuída é precisamente chamada de ‘espiritualidade de Nazaré'”. Uma espiritualidade modelada na convivência familiar vivida com Jesus por José e Maria, entendida como o desejo de viver com Cristo e em Cristo cada momento e cada respiro da vida cotidiana, depois de tê-lo encontrado.

“A pessoa amada”, sublinhou o Patriarca na sua homilia, “nunca é conhecida de uma vez por todas”. E seguir Cristo significa também continuar a procurá-lo todos os dias, querer ver o seu rosto, poder reconhecê-lo na vida dos pequeninos, fazer uma experiência dele. É um caminho feito de consolações, mas também de muitos momentos escuros, de perguntas que permanecem inauditas, de vazios interiores, de longas esperas, de purificação, de silêncios”.

Precisamente seguindo a sua expectativa e o seu pedido de ver todos os dias a obra de Cristo, Charles de Foucauld entra no coração do mistério da Igreja e da sua missão. “Para aqueles tempos observou Dom Pizzaballa – a sua era uma nova maneira de evangelizar: em um período em que os missionários ocidentais percorriam o mundo inteiro para levar o Evangelho à sua maneira, Charles de Foucauld queria ir entre as pessoas, em certo sentido, para ser evangelizado por elas, fazendo-se próximo, tentando aprender delas seus valores, os modos de fazer, a sua cultura, a língua, as tradições. Sentia-se irmão de todos, antecipando o que hoje é um tema central na vida da Igreja. Mas sua ideia de fraternidade não se baseava em sentimentos vagos ou genéricos. Foi fundada e nasceu da relação direta com Jesus”.

O que chama a atenção neste santo – continuou o Patriarca – é que parece não ter feito nada. Não converteu ninguém, não fundou nada e, lendo os arquivos de nossos mosteiros na Terra Santa e do Patriarcado, não conseguiu realizar nenhum de seus projetos, não comoveu ninguém com seu testemunho. De fato, talvez, conhecendo um pouco sobre nossos ambientes, ele talvez tenha sido considerado como um dos personagens um tanto estranhos que muitas vezes frequentam nossos ambientes na Terra Santa. Em suma, é um santo que não leva resultados para casa. Ninguém. E ele morre assassinado, trivialmente, como muitos hoje. O único critério pelo qual se pode medir sua experiência de uma certa maneira, é o amor. O amor a Cristo levou-o a imitá-lo em tudo, até à morte”. E o verdadeiro amor – observou o Patriarca – “é sempre gerador, sempre abre à vida e a novos horizontes. Assim foi também para Charles de Foucauld. Após sua morte, precisamente em torno a ele que não concluiu nada em sua vida, nasceram várias congregações, movimentos, caminhos espirituais, inspirados por sua experiência. Alguns deles estão presentes aqui entre nós, em nossa Igreja em Jerusalém.”

“Graças ao seu singular caminho de santidade – continuou o Patriarca – Charles de Foucauld convida também a Igreja de Jerusalém “a nos libertar da busca de resultados a todo custo, para o sucesso em nossos empreendimentos. Lembra-nos que para ser Igreja não é necessário construir grandes obras. A vida da Igreja é fonte de vida quando brota do encontro e do amor por Cristo. Este é o primeiro testemunho para a qual somos chamados. Sem o amor a Cristo, ficamos apenas com estruturas caras, tanto físicas quanto humanas”.

 Além disso, a experiência de Charles de Foucauld mostra a todos que “amar a Cristo significa amar o homem, onde quer que esteja, assim como é, sem esperar nada, mas fazendo-se próximo dele: no trabalho, na família, nas suas necessidades, nos seus sofrimentos, em sua dor. Sem pretender levar soluções, que muitas vezes não existem, mas levando o amor de Cristo. E aqui na Terra Santa significa aproximar-se de cada pessoa no seu desejo de vida, na sua sede de justiça, no seu pedido de dignidade. Significa pedir a força do perdão, construir relações amistosas com qualquer um, rejeitar a ideia de inimigo, mas querer ser irmãos de cada um.

Para o novo santo francês, os homens e mulheres a quem confessar Cristo na proximidade diária como “irmão universal” eram os muçulmanos dos países do Magrebe. Charles de Foucauld – recordou o Patriarca Pizzaballa – deixa como legado também “a busca de uma relação serena com quem não conhece Cristo, e em particular com o Islã, que marcou tão profundamente a sua vida, e que neste período é um tema tão atual e necessário.  Não para converter, é claro, mas para testemunhar o amor de Cristo, que nos torna todos irmãos”.

Fonte:

A causa de beatificação e canonização do Beato Charles de Foucauld

A causa de beatificação e canonização do Beato Charles de Foucauld
“ITER” DA CAUSA
 a) Com vista à beatificação
     A causa de beatificação e canonização do Beato Charles de Foucauld foi iniciada sob a legislação estabelecida pelo Codex Iuris Canonici de 1917. O Prefeito Apostólico de Ghardaïa no Saara iniciou o processo de informação em 1927. Setenta e oito textos, a maioria deles de visu, foram examinados no julgamento ordinário de Ghardaïa e em doze inquéritos rogatoriais, de 1927 a 1947. O decreto de introdução da Causa foi concedido em 13 de abril de 1978, o Relator foi nomeado em 1984, o decreto de validade dos julgamentos ordinários e apostólicos foi emitido em 21 de junho de 1991 e o Positio super virtutibus foi entregue em 27 de julho de 1995.
    Em 24 de abril de 2001, São João Paulo II promulgou o Decreto sobre as virtudes heroicas do Servo de Deus.
    O Conselho Médico da Congregação, reunido em 24 de junho de 2004, considerou por unanimidade a cura atribuída à intercessão do Servo de Deus como cientificamente inexplicável.
    O Congresso de Consultores Teológicos e a Sessão Ordinária de Cardeais e Bispos reconheceram esta cura como um milagre, operado por Deus por intercessão do Venerável Servo de Deus Carlos de Foucauld, que foi beatificado, na Basílica Papal de São Pedro, no Vaticano em 13 de novembro de 2005.
 b) Com vista à canonização
     Para esta próxima fase, foi examinada a suposta “fuga por pouco” de um jovem aprendiz de carpinteiro de 21 anos, vítima de uma queda de 15,50 metros.
    Este incidente ocorreu em 30 de novembro de 2016, poucas horas antes de 1º de dezembro, memória litúrgica do Beato Carlos de Foucauld; aconteceu cem anos depois do nascimento do Beato no Céu, num ano em que toda a “família espiritual Carlos de Foucauld” levantou muitas orações para pedir a sua canonização. Finalmente, o evento aconteceu em uma paróquia dedicada a ele. Então, no momento do acidente já existia uma rede de oração. Devido às inúmeras coincidências de tempos e lugares, este prodígio foi imediatamente considerado como um sinal de Deus na conclusão do centenário do Beato Charles de Foucauld.
    Uma semana depois, o jovem deixou o Hospital Universitário de Angers e, pouco a pouco, retomou a sua atividade profissional, sem quaisquer consequências físicas ou psicológicas.
    O médico consultado pela Congregação para as Causas dos Santos sobre este caso, sublinhou no seu relatório de 5 de maio de 2017 que certamente se esperavam consequências mais graves e numa superfície corporal muito maior, tendo em conta a violência do impacto. Ele concluiu interpretando o feliz resultado da queda como uma fuga por pouco.
    O Bispo de Angers, portanto, decidiu abrir um inquérito diocesano sobre o caso em questão.
    Então, em 30 de novembro de 2017, foi celebrada a Sessão de Abertura do Inquérito Diocesano que terminou em 7 de junho de 2018. A Congregação para as Causas dos Santos concedeu o Decreto de Validade do Inquérito Diocesano em 21 de setembro de 2018.
Para o estudo do caso, dois Peritos ex officio foram nomeados pelo Dicastério que concluíram por unanimidade, dadas as modalidades do caso, que se tratava de uma fuga por pouco devido à ausência de lesões muito mais graves e altamente antecipadas.
    O Conselho de Medicina, na sessão de 14 de novembro de 2019, decidiu por unanimidade, emitindo estas definições conclusivas: ser enquadrado como uma fuga estreita”.
    No Congresso Peculiar, que se reuniu em 18 de fevereiro de 2020, os Consultores Teológicos votaram unanimemente pela afirmativa. A mesma opinião foi expressa pelos Cardeais e Bispos, membros da Congregação.
    O Santo Padre Francisco autorizou a Congregação para as Causas dos Santos a promulgar o decreto supermilagroso.
Fontes: http://www.causesanti.va/it/santi-e-beati/charles-de-fo

Frei Inácio José do Vale, FCF
Fraternidade Sacerdotal Jesus Cáritas
Espiritualidade de Nazaré de São Charles de Foucauld
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A vida de São Charles de Foucauld

A vida de São Charles de Foucauld
 
“Eu gostaria de ser bom para que possamos dizer: Se tal é o servo, como será o Mestre?”- Bem aventurado Charles de Foucauld
 
Vida e obras
 Nascimento, infância e juventude
     Charles de Foucauld nasceu em 15 de setembro de 1858 em Estrasburgo (França) em uma família muito cristã. Ele foi batizado dois dias após seu nascimento e, em 28 de abril de 1872, recebeu sua primeira comunhão e crisma. Ele perdeu ambos os pais quando tinha apenas 6 anos de idade. Carlo e sua irmã Maria são confiados ao avô materno. Aos 12 anos, depois que a Alemanha anexou a Alsácia, a família mudou-se para Nancy.
 Estudos superiores, carreira militar e afastamento da fé
     Extremamente inteligente, dotado de um espírito curioso, desde muito cedo desenvolveu a paixão pela leitura. Ele se deixa vencer pelo ceticismo e positivismo religiosos que marcam seu tempo. Logo, segundo suas próprias palavras, ele perde a fé e mergulha em uma vida mundana de prazer e desordem que, no entanto, o deixa insatisfeito.
    Em 1876, Charles entrou em Saint-Cyr por dois anos. Oficial aos 20 anos, ele foi enviado para a Argélia. Três anos depois, não encontrando o que procurava, renunciou a empreender, com risco de vida, uma viagem de exploração no Marrocos, então fechado aos europeus; exploração científica, que ele descreverá no livro Reconnaissance au Maroc, 1883-1884 e lhe dará a glória reservada aos exploradores do século XIX.
 A conversão
     A descoberta da fé muçulmana, a busca interior da verdade, a bondade e a amizade discreta de seu primo, a ajuda do abade Huvelin o farão redescobrir a fé cristã. No final de outubro de 1886 ele foi para Abbé Huvelin na Igreja de Santo Agostinho em Paris: ele se confessou e recebeu a comunhão. Esta conversão, sem dúvida latente há algum tempo, torna-se total e definitiva.
    Completamente renovado por esta conversão, alimentada pela Eucaristia e pela Sagrada Escritura, Carlos de Foucauld compreendeu então que “não podia deixar de viver para Deus” a quem deseja consagrar toda a sua vida e assim “expirar em pura perda de si na face de Deus”. Durante três anos, ajudado pelo abade Huvelin, procurará compreender como realizar concretamente a sua vocação de total consagração a Deus: Aquele que conheceu a riqueza e uma vida confortável e que foi possuído por uma grande vontade de poder, quer imitar Jesus. – Pobre que tomou “o último lugar”.
 A busca da santidade, no mistério de Nazaré
   Depois de uma peregrinação à Terra Santa (1888-1889), onde, “caminhando pelas ruas de Nazaré sobre as quais repousavam os pés de Jesus, pobre artesão”, descobre o mistério de Nazaré, que será doravante o coração da sua espiritualidade, ele ingressa na Trappe de Nossa Senhora das Neves, na diocese de Viviers na França e, depois de alguns meses, será enviado para a Síria, na Trappe de Nossa Senhora do Sagrado Coração, uma Trappa pobre, perto de Akbès.
    Ele viverá lá por 7 anos, deixando-se treinar na escola monástica e buscando a mais perfeita imitação de Jesus vivendo em Nazaré. Mas não encontrando o radicalismo que desejava, mesmo que “todos o venerassem como um santo”, pediu para deixar o Trappa. Em janeiro de 1897, o padre Abade Geral o libera de seus compromissos temporários trapistas e o deixa livre para seguir sua vocação pessoal.
    Carlos partiu para a Terra Santa e foi viver em Nazaré como servo das Clarissas (1897-1900). No serviço, no trabalho mais humilde, na meditação do Evangelho aos pés do Tabernáculo procurará viver “a existência humilde e sombria do divino obreiro de Nazaré”, como irmãozinho de Jesus na casa santa de Nazaré entre Maria e José. Meditando sobre o mistério da Visitação, aquele que recebeu “a vocação à vida oculta e silenciosa e não a do homem de palavras” descobre que também ele pode participar da obra da salvação imitando “a Santa Virgem no mistério da Visitação trazendo, em silêncio, Jesus e a prática das virtudes evangélicas […] entre os povos infiéis, para santificar estes infelizes filhos de Deus através da presença da Sagrada Eucaristia e do exemplo das virtudes cristãs”.
 Ordenação sacerdotal e permanência na Argélia
     Confortado pela certeza de que “nada glorifica tanto a Deus aqui embaixo como a presença e a oferta da Eucaristia”, recebeu a ordenação sacerdotal em 9 de junho de 1901 em Viviers, depois de ter passado um ano de preparação no mosteiro de Nossa Senhora da Neves, ele acolhera no início de sua vida consagrada.
    “Meu diaconato e retiros sacerdotais me mostraram que esta vida de Nazaré, que me parecia ser minha vocação, devia ser vivida não na Terra Santa, tão amada, mas entre as almas mais doentes, as ovelhas mais abandonadas”.
    Em 1901, Charles de Foucauld foi então para a fronteira de Marrocos, na Argélia, e colocou-se ao serviço do Prefeito Apostólico do Sahara, Mons.Guérin, morando no oásis de Beni-Abbès (1901-1904). Lá ele tentará trazer a Cristo todos os homens que encontrar “não com palavras, mas com a presença do Santíssimo. Sacramento, a oferta do sacrifício divino, a oração, a penitência, a prática das virtudes evangélicas, a caridade, a caridade fraterna e universal, partilhando até o último pedaço do pão com cada pobre, cada hóspede, cada estrangeiro que se apresenta e recebendo cada homem como um irmão amado”.
    Ele constrói um eremitério e se dá um regulamento detalhado, como um monge. Mas seu desejo de acolher a todos que batem à sua porta logo transforma a ermida em uma colméia de manhã à noite. Ele escreve: “Quero acostumar todos os habitantes, cristãos, muçulmanos, judeus, a olhar para mim como seu irmão, o irmão universal. Começam a chamar a casa de “fraternidade” e eu gosto muito disso”.
 Missionária de um Deus-Amor em Tamanrasset, no meio dos tuaregues
     Devido ao fechamento das fronteiras com o Marrocos, e ao receber um convite para o Hoggar – nenhum padre poderia residir lá, devido à política anticlerical do governo francês – ele se volta para os tuaregues. Por isso, em 1905, Charles foi morar no coração do Saara, em Tamanrasset. Pobre entre os pobres por fidelidade à sua vocação de imitar a vida oculta de Jesus em Nazaré que se fez pequeno para dar um rosto humano a Deus, Carlos se faz pequeno entre os pobres para revelar o rosto de um Deus que é Amor: ” Amar uns aos outros, como Jesus nos amou, é fazer da salvação de todas as almas a obra de nossa vida, dando, em caso de necessidade, nosso sangue por ele, como Jesus fez”.
    O amor o leva a dar a vida em 1º de dezembro de 1916, assassinado por invasores, em uma extrema desapropriação.
 Imite o pobre Jesus até a morte
     Na morte cumpriu perfeitamente sua vocação: “Silenciosamente, secretamente como Jesus em Nazaré, obscuramente, como Ele, passando desconhecido na terra como um viajante na noite […] pobre, laboriosamente, desarmado e mudo diante da injustiça como Ele, deixando-me como o Cordeiro divino para tosquiar e sacrificar sem resistir nem falar, imitando Jesus em tudo em Nazaré e Jesus na Cruz”.
    Assim se realizou um dos desejos mais tenazes: o desejo de imitar Jesus na sua morte dolorosa e violenta, de lhe dar o sinal do maior amor e assim completar a união, a fusão de quem ama em quem é amado.
    O irmãozinho Charles de Foucauld não é um fundador no sentido estrito da palavra, mas um iniciador, um irmão mais velho que abriu o caminho para muitos outros que querem caminhar como ele, seguindo Jesus de Nazaré.
Para uma profunda meditação
Para Charles de Foucauld imitar Jesus de Nazaré só na abissalidade do amor e da caridade!
A experiência profunda de Charles de Foucauld como monge, padre, missionário e eremita é de um rio de água cristalina que tem em sua correnteza um único fim: “O Paraíso com Deus”.
 
Frei Inácio José do Vale, FCF
Fraternidade Sacerdotal Jesus Cáritas
Espiritualidade de Nazaré de São Charles de Foucauld
Comunidade de Ação Pastoral – CAP – Pouso Alegre-MG.
 
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Fontes:
Congregação para as Causas dos Santos-http://www.causesanti.va/it/santi-e-beati/charles-de-foucauld.html
http://charlesdefoucauld.info/the-family-and-legacy-of-blessed-charles-de-foucauld/
https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2020-05/papa-francisco-decretos-milagres-martirio-charles-foucauld.html

Dia 15 de maio, canonização do Bem-aventurado Charles de Foucauld

Dia 15 de maio, canonização do Bem-aventurado Charles de Foucauld

Charles de Foucauld foi: monge, padre, missionário, eremita e irmão universal! Também é conhecido como Carlos de Jesus.

“O testemunho oferecido por Charles de Foucauld coincide com um caminho marcado por “sucessivas conversões”, pela sucessão de novos começos, que marcam a vida do futuro santo, que ficou órfão aos cinco anos de idade, que logo havia “desaprendido” as orações aprendidas na primeira infância”. “E a sua “fraternidade oferecida a todos, independentemente dos pertencimentos religiosos, étnicos ou nacionais, é a marca registrada da fraternidade dos discípulos de Cristo”, afirma o dominicano, arcebispo de Argel, sede metropolitana, Dom Jean-Paul Vesco.

O Bem-aventurado Charles de Foucauld, nasceu em 15 de Setembro de 1858 em Estrasburgo, (França). De meio familiar aristocrático, fica órfão de pai e mãe em 1864. Frequenta a Escola Especial Militar de Saint-Cyr. É herdeiro de uma enorme fortuna, que rapidamente delapida em jogo, indisciplina e excentricidades. Retrata-se e, já oficial do exército francês, é colocado na Argélia. Deixa a vida militar e torna-se explorador em Marrocos. Chega a receber uma medalha da Sociedade Francesa de Geografia em reconhecimento do trabalho de investigação no Norte de África. Mais tarde, uma prolongada reflexão sobre a vida espiritual vai conduzi-lo a uma conversão súbita e leva-o a ingressar na Ordem Trapista. Nesta Ordem estabelece-se em França, e depois na síria. Deixa os Trapistas em 1897 em busca de uma vocação religiosa autónoma e ainda não definida. É ordenado sacerdote em 1901. Regressa à Argélia e leva uma vida isolada do mundo numa zona dos Tuaregues, mas interventiva junto da população. Aprende a língua Tuaregue e estuda o léxico e gramática, os cantos e tradições dos povos do Deserto do Saara. Tem a intenção de criar uma nova ordem religiosa, o que sucede apenas depois da sua morte: os Irmãozinhos de Jesus.

Em 1 de dezembro de 1916, à idade de 58 anos, Charles de Foucauld morreu por um disparo de fuzil em meio de um confronto entre os bereberes de Hoggar. Foi beatificado pelo Papa Bento XVI em 13 de Novembro de 2005.

Família Foucauldiana

Dez congregações religiosas e oito associações de vida espiritual surgiram de seu testemunho e carisma. Entre eles, encontram-se as Irmãzinhas do Sagrado Coração, as Irmãzinhas de Jesus, as Irmãzinhas do Evangelho, as Irmãzinhas de Nazaré, os Irmãozinhos de Jesus, os Irmãozinhos do Evangelho; assim como a Fraternidade Sacerdotal Jesus Cáritas, ou a Fraternidade Charles de Foucauld. É bom ressaltar que existem muitas comunidades e grupos que seguem a espiritualidade do irmão Carlos de Jesus. A Família Foucauldiana é mundialmente ativa e gloriosa!

A Espiritualidade do Irmão Carlos de Foucauld

Escreve o padre católico francês, teólogo e fundador dos Irmãozinhos de Jesus, René Voillaume: “O Padre Carlos de Foucauld, por sua parte, sempre concebeu a sua vida religiosa consagrada como uma participação da forma de vida de Cristo (…)”. Ele deixa tudo para entrar na vida monástica, porque não pode conceber o amor sem uma imperiosa necessidade de viver unicamente para Aquele que ama, de imitá-lo em tudo e de partilhar a sua condição de vida. A regra de vida do irmão Carlos pode resumir-se na sua decisão de imitar Jesus tal como o Evangelho lho revela. É então que descobre no desenrolar da existência terrestre de Cristo como que três maneiras de viver: em Nazaré, no deserto, e pelos caminhos como operário evangélico. Esta intuição tão simples revelou-se nele extraordinariamente fecunda e dominou sua marcha espiritual. O Irmão Carlos esteve constantemente atento para fazer de sua vida uma imitação sempre mais fiel daquela de seu bem-amado irmão e Senhor Jesus. (Mensagem extraída do livro “Sentinelas de Deus na Cidade”, de René Voillaume. São Paulo: Ed. Paulinas, 1976).

A Vocação

“A minha vocação religiosa nasceu no mesmo momento da minha fé: Deus é tão grande! Há uma diferença tão grande entre Deus e tudo o que não é Ele…” (Carta a Henry de Castries, 14 de agosto de 1901).

A Oração

“Não procura organizar, preparar a fundação dos Pequenos Irmãos do Sagrado Coração de Jesus: apenas vive como se tivesses de ficar sempre sozinho. Se estais em dois, em três, num pequeno número, vivai como se nunca tivésseis de se tornar mais numerosos. Reza como Jesus, tanto quanto Jesus, reservando como ele um lugar sempre muito grande para a oração… Sempre à imagem dele, deixa muito espaço para o trabalho manual, que não é um tempo subtraído da oração, mas doado à oração; o tempo de teu trabalho manual é um tempo de oração. Reza fielmente todos os dias o breviário e o rosário. Ama Jesus de todo o teu coração (dilexit multum), e a teu próximo como a ti mesmo por amor dele… A tua vida de Nazaré pode-se fazer em qualquer parte, viva-a no lugar mais útil ao próximo.” (Meditação de 22 de julho de 1905).

A vida e os ensinamentos do nosso amado Pai Espiritual Charles de Foucauld são respostas e propostas abissais para uma caminhada profunda consigo mesmo, com Deus, com o próximo e contra tantas boçalidades e superficialidades da era pós-moderna. Sua experiência espiritual é algo tremendamente impactante, por isso ela tem atitude forte e grandiosa para os corações desejos de fortalezas infinitas!

Seu axioma: “Gritar o Evangelho com a própria vida”. “Todos os nossos atos devem gritar o que somos de Jesus”.

Para uma meditação profunda do pensamento do irmão Carlos de Jesus: “Jesus só merece ser amado apaixonadamente. Quando se ama, imita-se”.

Frei Inácio José do Vale, FCF

Fraternidade Sacerdotal Jesus Cáritas

Espiritualidade de Nazaré de São Charles de Foucauld

Trabalha Clinicando na Comunidade de Ação Pastoral – CAP. Pouso Alegre-MG.

Doutor em Psicanálise Clínica, especialista em Psicologia Clínica e Social

AUTOR DO LIVRO: A VIDA DO BEM-AVENTURADO CHARLES DE FOUCAULD (Adquira: https://www.amazon.com/dp/1795364696).

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Fontes:

https://www.vaticannews.va/en/vatican-city/news/2020-05/church-recognizes-miracle-attributed-to-ven-michael-mcgivney.html

https://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/618175-rumo-a-canonizacao-de-charles-de-foucauld-a-fraternidade-universal-e-a-sua-marca-registrada

Foucauld, Charles de. Poésies touarègues. Dialecte de l’Ahaggar. Paris: Leroux, 1925.

Silent pilgrimage to God: The spirituality of Charles de Foucauld, Orbis Books, 1975.

Estudar a sociedade

Estudar a sociedade

Émile Durkheim entende a sociedade como superior ao indivíduo e existe independente deste. Para ele, o indivíduo é apenas receptor de regras e modo de viver da sociedade da qual faz parte. As regras foram chamadas, pelo sociólogo, de fatos sociais.

Os fatos sociais são exteriores e anteriores ao indivíduo e controlam sua ação perante aos outros membros da sociedade. As regras são impostas desde o nascimento, e o indivíduo não tem poder para modificá-las.

A sociedade é uma complexa teia de relações que se estabelecem entre os seres humanos. São relações de ordem política, econômica, cultural, afetiva, educacional, religiosa, dentre outras tantas. Em cada momento histórico os seres humanos inventavam e reinventavam fios que iriam sendo tecidos de acordo com suas necessidades, tanto materiais quanto subjetivas, isto é, seus valores e crenças, transformando as coisas do mundo.

Este ambiente onde os seres humanos constroem suas teias de relações sociais, é o que chamamos de sociedade, é de fato o lugar no qual são ensinados e aprendidos os valores necessários à vida em sociedade. Os valores, as crenças, os hábitos e os costumes são transmitidos pelos grupos sociais nos quais as pessoas estão inseridas (familiares, amigos, religião, meios de comunicação, dentre outros). Tudo isto irá construir ideias e valores que temos sobre o mundo.

Muitos dizem que a sociologia é a ciência que trata do que todo mundo sabe, mas numa linguagem que ninguém entende. Por que será que isso ocorre? Ora, porque a sociologia vai estudar os fenômenos sociais que nos afetam em nosso dia a dia; e estes fenômenos, às vezes, nos provocam indagações. A primeira impressão que temos é que a sociologia, por tratar de assuntos cotidianos, é fácil de compreender, porém esta ciência analisa as relações sociais com base em modelos de interpretação usando métodos científicos criados a partir do século XIX.

Por que as coisas são deste jeito e não daquele? Por que uns têm tanto e outros tão pouco? Por que existem regras na sociedade? Estas e outras questões que podem desfilar na sua cabeça, e nos intrigam, mesmo que não falemos delas de forma reflexiva. Quando “batemos um papo” com um amigo, acabamos expressando nossa opinião sobre assuntos que dizem respeito à sociologia, e, portanto, acabamos fazendo as mesmas perguntas que a sociologia faz e, muitas vezes, são identificados os problemas nelas envolvidos.

Por se tratar de uma ciência, a sociologia acaba usando um jeito de falar e escrever diferente do nosso cotidiano, porque ela se expressa através, de conceitos, ou seja, noções formuladas de modo mais sistemático. A sociologia nos ajuda a refletir sobre as certezas que temos problematizando-as podendo modificar nossa percepção sobre o que vivemos em nossa rotina. Sendo assim contribui para alterar a maneira de vermos nossa própria vida e o mundo que nos cerca. Portanto, podemos dizer que a sociologia trata de fenômenos sociais com uma abordagem diferente de outras ciências!
A partir do estudo da sociologia, você comece a refletir sobre as sociedades questionando e construindo um pensamento mais crítico. A sociologia, na visão do sociólogo francês Pierre Bourdieu, quando colocada numa posição crítica, incomoda muito, porque, como outras ciências humanas, revela aspectos da sociedade que certos indivíduos e grupos procuram impedir, ou seja, revela determinados fenômenos e de tais fatos que podem perturbar alguns interesses ou mesmo concepções, explicações e convicções já há muito arraigados.

A sociologia e a miséria humana

Levar à consciência os mecanismos que tornam a vida dolorosa, inviável até, não é neutralizá-los; explicar as contradições não é resolvê-las. Mas, por mais cético que se possa ser sobre a eficácia social da mensagem sociológica, não se pode anula o efeito que ela pode exercer ao permitir aos que sofrem que descubram a possibilidade de atribuir seu sofrimento a causas sociais e assim se sentirem desculpados; e fazendo conhecer amplamente a origem social, coletivamente oculta, da infelicidade sob todas as suas formas, inclusive as mais íntimas e as mais secretas. (BOURDIEU, 1997, p.735).

Sociologia

Sociologia é a ciência social que estuda as relações sociais e as formas de associação dos seres humanos, considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade. A sociologia estuda os grupos sociais, a divisão da sociedade em camadas ou classes sociais, a mobilidade social, os processos de mudança, cooperação, competição e conflito que ocorrem nas sociedades. Desde a antiguidade existia a preocupação em entender como a sociedade funcionava. Era um desafio importante tentar entender como os seres humanos se relacionavam e o que determinava estes relacionamentos.

O sociólogo, professor e poeta Everaldo Lorensetti, em sua poesia intitulada As teorias sociológicas na compreensão do presente nos convida a refletir o hoje (presente) sem que tenhamos vivido o ontem (passado).

Muito bem. “Segundo os pensadores de tempo atrás…”
Nossa! Espere um pouco… Tempo atrás?
Essa moçada já não foi para o “andar de cima”?
Como é que posso pensar o meu mundo hoje a partir de quem
só viu o passado?
É possível?
Vamos ver se podemos…

Conclusão

Muito bem, duas grandes revoluções da história da humanidade têm muito a ver com esta mudança! A Revolução Francesa, com a formação da República, e em segundo a Revolução Industrial na Inglaterra, com a criação do motor a vapor e a combustão. Imagine as mudanças na vida das pessoas que antes da revolução francesa dependiam totalmente de um senhor (no feudalismo, o dono da terra). Com a República, estas pessoas passam a ser cidadãos com responsabilidade pelo funcionamento da cidade, pelo menos teoricamente.

Da revolução industrial na Inglaterra! De camponeses que trabalhavam a terra com suas próprias ferramentas, essas pessoas passaram a ser operários de fábricas que, sem ferramentas, só lhes restavam vender a força de trabalho a um patrão. Foram mudanças muito fortes, e tudo isso repercutiu drasticamente na maneira como as pessoas viviam e como se relacionavam umas com as outras. As sociedades foram transformando-se em estruturas muito complexas e para isso era necessário que existisse uma ciência capaz de entender o que se passava. É dentro desta configuração que surge a sociologia. Surge também o abissal pensar e ação libertadora em vários seguimentos sociais.

Dr. Joseph K. Walle, teólogo, professor e sociólogo alemão

Referência:

https://querobolsa.com.br/enem/sociologia/sociedade

https://aprendamais.mec.gov.br/course/view.php?id=223#section-0

http://www.brasilescola.com/sociologia/desenvolvimento-da-sociologia.htm

BORDIEU, Pierre. A miséria do mundo. Petrópolis: Vozes, 1997.

BITENCOURT, Marcia Regina. Sociologia I. Curitiba: Instituto Federal do Paraná/Rede e-Tec, 2011.